Rompendo a bruma, em louca arremetida, avança No incrível desvario em que se deblatera, Onde a sombra abismal domina, esfera a esfera, O triste obsessor, faminto de esperança. Preso ao mal que atormenta e à dor que não descansa, O que mais o acabrunha e o que mais o exaspera É sua estranha volta aos instintos da fera, Na loucura feroz que o propele à vingança. Espírito infeliz, padece no braseiro De flagelo mental, gargalhante e escarninho, Mil remorsos bramindo em torvo cativeiro… Mas ao toque do amor, sem que a treva o degrade, Arrepende-se e clama, ante o novo caminho, Para nova missão na glória da humildade. |
PEDRO de Castro VELHO — Patrono, na Academia Sul-Riograndense de Letras, da cadeira nº 32, e colaborador de diversos jornais e periódicos de sua terra natal dentre outros, , , . A princípio, foi Pedro Velho grande poeta romântico, “intérprete espontâneo da desesperança e da piedade”, segundo a expressão de João Pinto da Silva (, págs. 120 e 124); depois, transformou-se “num profissional do humorismo”, muito embora continuasse, no íntimo, a alimentar-se do mesmo “pessimismo e da mesma angústia (, pág. 126). (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 29 de Junho de 1882 — Porto Alegre, 7 de Setembro de 1919.)
BIBLIOGRAFIA: .
Sobre o esquema rimático dos tercetos, cf. o soneto “Primavera” (apud Col. Poetas Sul-Riogr., pág, 196), uma de suas produções isentas de imagens negativas.
(Psicografia de Waldo Vieira)