Saulo, o perseguidor, segue o roteiro, atento. Vem Damasco à visão do futuro rabino. Aridez ao redor… Mato raro, mofino… Nem perfume de flor, nem sussurro de vento. Pronto, vasto clarão golpeia o firmamento. Desce um homem de luz e empana o Sol a pino. “Saulo!… Saulo!…” — convoca o emissário divino. “Quem sois vós?” — Saulo grita, assombrado e violento. “Eu sou Jesus” — responde a vítima ao verdugo —, “Não recalcitres mais contra o amor de meu jugo!” Cego, o doutor da lei tomba de alma ferida… Mas longe de jungir-se aos grilhões do passado, Levanta-se na areia, exsurge transformado, E consagra a Jesus o coração e a vida. |
ZEFERINO de Sousa BRAZIL — Poeta, cronista e jornalista, membro da extinta Academia Riograndense de Letras e patrono da cadeira n° 24 na Academia Sul-Riograndense de Letras, o “Príncipe dos Poetas do Rio Grande do Sul” legou um nome de grande prestígio nos meios intelectuais do País. Referindo-se à poesia de Zeferino Brazil, João Pinto da Silva (, pág.
86) afirmou: “É um inspirado, um espontâneo, à maneira antiga, sem deixar de ser, ao mesmo tempo, um artista.” Incluindo-o em sua , Manuel Bandeira tirou-o do olvido. (Porto Grande, Munic. de Taquari, Est. do Rio Grande do Sul, 24 de Abril de 1870 — Porto Alegre, Est. do R. G. S., 3 de Outubro de 1942.)
BIBLIOGRAFIA: ; ; ; ; etc.
Atente-se na musicalidade dos versos. Expressiva a aliteração da línguo-dental t, em que entra a homorgânica d, de magnífico efeito. Aliás, a sequência de fonemas congêneres se faz em todo o soneto.
(Psicografia de Waldo Vieira)