Antologia dos Imortais

Capítulo LIII

Mário Totta



Em tudo, em tudo, pelo mundo afora,

Intensa vibração pulsa escondida;

Da noite espessa ao dia que esplendora,

No silêncio da morte há sons da vida.


No mar, em mutação constante embora,

Na montanha, no vale, na avenida,

Vibra o Tempo integral na luz de agora,

Fulge a História latente, inesquecida.


Quem ausculta a matéria, em todo estado,

Exuma o livro imenso do passado,

Nos múltiplos cenários do presente.


A Natureza morta ressuscita

Ideal, emoção, sonho e desdita…

A alma das coisas vive eternamente.


MÁRIO Ribeiro TOTTA — Prosador, conferencista, poeta, jornalista, desportista, Mário Totta foi membro da extinta Academia Riograndense de Letras, fundador da cadeira nº 25. Escreveu em vários jornais e revistas do seu Estado natal, tendo sido co-fundador do , jornal em que manteve a seção poética “Diário de dois líricos”, em colaboração com Souza Lobo. Diplomou-se em Farmácia e, depois, em Medicina. “Professor emérito” da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, ocupou, ainda, vários cargos na Santa Casa de Misericórdia daquela capital, inclusive o de diretor. Exerceu a presidência da Sociedade de Medicina do Rio Grande do Sul. (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 5 de Janeiro de 1874 — Porto Alegre, 17 de Novembro de 1947.)

BIBLIOGRAFIA: , versos ; ; ; etc.


. Importante anotar que no soneto “Pedra” (apud Os Mais…, pág. 141), escrito por ele, antes da desencarnação, já o poeta dava mostras de conhecer a psicometria, pelo menos intuitivamente. Vejamos o seu primeiro quarteto:


“Pedra talhada ou bruta, és tu a história eterna

Das coisas do universo, a alma do que não morre.

Foste os deuses de outrora e és Deus ainda na torre,

O mistério da esfinge e a primeira caverna.”



Epizeuxe: “Em tudo, em tudo…”


(Psicografia de Waldo Vieira)