Terra, nada reténs que o verme não carcoma!… Tudo nasce e caminha ante o poente aziago… Toda pompa a luzir, qual furacão num lago, Túrbida agitação sobre a undiflava coma… Na urna de Moisés vês longínqua redoma; No fausto de Alexandre, um painel triste e vago… A cinza sepulcral dos salões de Cartago Soterrou no silêncio os mármores de Roma… Duas asas, porém, na rota em que flutuas, Sustentam-te, no Espaço, impassíveis e cruas, Nenhuma alteração que, leve, as entrecorte. Libram com Deus e a Vida, em suprema conquista… Tribos, povos, nações… Nada que lhes resista… Uma — a clava do Tempo; outra — a sega da Morte! |
Antônio CUNHA MENDES — Depois de ter publicado seus primeiros versos em alguns jornais de seu Estado natal, e aí pertencido à “Padaria Espiritual”, C. Mendes transferiu-se para S. Paulo, onde concluiu o curso de Direito e dirigiu a , que apresentava colaboradores do gabarito de Emílio Kemp, Carvalho Aranha, Amadeu Amaral e outros. Escreveu em revistas simbolistas e em jornais da época, como , do Rio, principalmente em versos. Exerceu a advocacia no Rio e, depois, em S. Paulo. Foi também romancista. (Maranguape, Ceará, 15 de Março de 1874 — S. Paulo, 2 de Junho de 1934.)
BIBLIOGRAFIA: , poemeto; ; etc.
. Observe-se a semelhança de estilo, só pelo primeiro quarteto da joia de 14 versos que começa com “Noute, abrigo dos maus! Trevas, calmos ensombros”, dedicado a Samuel Porto:
“Noute, abrigo dos maus! Trevas, calmos ensombros
Do covarde, do nu, do triste e do cansado;
Enche d’alma arruinada os sórdidos escombros
Com a mudez funeral de túmulo fechado!”
(Apud Pan. IV, pág. 243.)
Leia-se com hiato: Na/ ur/na.
Aliteração em s.
(Psicografia de Waldo Vieira)