Silêncio… Inércia… Morte… O fim de tudo… Era o estranho ideal que acalentara Quando vivi qual cego, surdo, mudo, Ou sonâmbulo em crise longa e rara. Covarde e tresloucado, em transe agudo, De súbito fugi à vida amara E marchei, constrangido, para o estudo Do enigma que, em vão, me acabrunhara. Mas não morri… Morreu-me o vaso impuro… E, distante da carne transitória, Colho o passado e planto o meu futuro. Nem mistério, nem cinza à nossa frente… Apenas o homem louco de vanglória Procurando enganar-se inutilmente. |
GALBA DE PAIVA — Poeta distinto, jornalista, conferencista e crítico literário. Depois de cursar o Liceu Alagoano, de Maceió, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, tendo sido o orador da turma de 1915. Exerceu várias funções públicas na administração e na magistratura do Rio Grande do Sul. Colaborou em diversos jornais e revistas, dentre outros o , de Santa Maria, , de Porto Alegre, e do Rio de Janeiro. Na revista carioca foi crítico literário ao tempo de Adelino Magalhães. De 1930 até à sua desencarnação, viveu no Rio de Janeiro, advogando no foro. (Uruguaiana, Rio Grande do Sul, 26 de Setembro de 1893 — Rio de Janeiro, Gb, 1 de Julho de 1938.)
BIBLIOGRAFIA: , versos; , conferência; , idem; etc.
. Para que possamos entender-lhe o soneto, transcrevamos apenas o último terceto de “Perante a Dúvida”, que o poeta escreveu, tempos antes de se suicidar:
“Mas do termo final já não me iludo…
— Basta a triste certeza de ser nada,
Basta a vaga esperança de ser tudo.”
(Apud Col. Poetas Sul-Riogr., pág. 283.)
Aliteração em d.
Suarabácti: “e-ni-g-ma”. .
morri… Morreu-me…: Poliptoto.
(Psicografia de Waldo Vieira)