O insucesso no amor — torva loucura! Minara-lhe a razão já combalida, E no silêncio atroz da noite escura Resolve exterminar a própria vida… A taça de veneno, em mão segura, Tomba o corpo no espasmo da partida… Horas depois, em brasas de tortura, A alma da jovem clama, arrependida!… Junto à forma indefesa, enregelada, Ela, à feição de rosa, jaz pendida Da haste imóvel e triste a que se aferra… Convertera em abismo a curta estrada! E, entre abatida e pávida, a suicida Tarde demais pranteia sobre a terra!… |
Átila GUTERRES CASSES — Jornalista e poeta, pertenceu Guterres Casses à Sociedade de Homens e Letras do Brasil, bem como à extinta Academia Riograndense de Letras, onde ocupou a cadeira n° 9. “Uma das figuras mais representativas do Parnaso Gaúcho”, segundo Antônio Carlos Machado (, pág. 243). Promotor público em várias cidades do seu Estado. Inspetor Federal do Ensino e redator da revista , do Rio. (Alegrete, Rio Grande do Sul, 26 de Junho de 1890 — Rio de Janeiro, Gb, 28 de Novembro de 1945.)
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. Guterres Casses inscreveu em sua obra Stradivarius algumas composições de sentimento reencarnacionista. Alinham-se, entre outros, esses sonetos em que o vate prega a doutrina das vidas sucessivas: “Introspecção” (pág. 86), “Reencarnação” (pág. 87), “Esto Memor” (pág. 88), “Avatar” (pág. 90), etc.
Satisfaremos a curiosidade do leitor, transcrevendo o belíssimo soneto “Reencarnação”, dedicado pelo Autor a Argeu Veiga:
“Na expiação de falhas milenárias,
Eis-me de novo na matéria inglória!
E, dessas migrações extraordinárias,
Nada guardei nas aras da memória!…
Não sei que culpas ou que faltas várias
Perpetrei nessa antiga trajetória!
Nem que lições cruéis e necessárias
Eu recebi na fase transitória!…
Não lembro o que me deu essa outra vida:
Se foi brilhante e farta em seus prazeres,
Ou foi trevosa e pobre e dolorida!…
Mas sei que volto às multiformas vis,
Pelo Mal que causei aos outros seres,
Pelo Bem que colhi e que não fiz!…”
Observe-se o “enjambement”.
(Psicografia de Waldo Vieira)