Auta de Souza

Capítulo XVII

Escuta



Não menosprezes quem te bate à porta…

Contempla a segurança de teu ninho

E repara, lá fora, o torvelinho

Da miséria que punge e desconforta.


Fome… Frio… Viuvez… Pranto escarninho…

Não respondas dizendo “que me importa?”.

Traze à dor da esperança quase morta

Um caldo… um pão… e um gesto de carinho…


Uma gota de leite… um trapo… um bolo…

Isso é muito a quem sofre sem consolo,

No vale onde a aflição ruge e domina…


E a migalha que deres a quem chora,

Um dia, ao Sol do Amor, na Eterna Aurora,

Será teu prêmio na Mansão Divina.




(Psicografado na “Casa de Jesus”, em Matosinhos, MG, em 18 de janeiro de 1955.)