Auta de Souza

Capítulo XLIV

Essa migalha



No reino de teu lar em paz celeste,

Repara quantas sobras de fartura!…

O pão dormido que ninguém procura,

O trapo humilde que não mais se veste…


Do que gastaste, tudo quanto reste,

Arrebata o melhor à varredura

E socorre a aflição e a desventura

Que respiram gemendo em noite agreste!…


Teu gesto amigo florirá perfume,

Bênção, consolo, providência e lume

Na multidão que segue ao desalinho…


E quando o mundo te não mais conforte,

Essa leve migalha, além da morte,

Fulgirá como estrela em teu caminho.




(“CAMPANHA DE FRATERNIDADE AUTA DE SOUZA” 1ª edição — Fevereiro de 1972 — pág. 57)