A Gênese

CAPÍTULO XI

Gênese Espiritual[1]

Doutrina dos anjos decaídos e do paraíso perdido [7]
• Item 46 •


Sem a reencarnação, a missão do Cristo seria um contrassenso, assim como a promessa feita por Deus. Suponhamos, com efeito, que a alma de cada homem seja criada por ocasião do nascimento do corpo e não faça mais do que aparecer e desaparecer da Terra; que relação haveria entre as que vieram desde Adão até Jesus Cristo e as que vieram depois? Todas seriam estranhas umas às outras. A promessa de um Salvador, feita por Deus, não podia aplicar-se aos descendentes de Adão, uma vez que suas almas ainda não estavam criadas. Para que a missão do Cristo pudesse corresponder às palavras de Deus, seria preciso que estas se aplicassem às mesmas almas. Se são novas estas almas, não podem estar maculadas pela falta do primeiro pai, que é apenas pai carnal e não pai espiritual. De outro modo, Deus teria criado almas com mácula de uma falta que não podia deixar nelas qualquer vestígio, pois que elas não existiam. A doutrina comum do pecado original implica, por conseguinte, a necessidade de uma relação entre as almas do tempo do Cristo e as do tempo de Adão; implica, portanto, a reencarnação.
Dizei que todas essas almas faziam parte da colônia de Espíritos exilados na Terra ao tempo de Adão e que se achavam manchadas dos vícios que lhes acarretaram ser excluídas de um mundo melhor, e tereis a única interpretação racional do pecado original, pecado peculiar a cada indivíduo e não resultado da responsabilidade da falta de outrem a quem ele jamais conheceu. Dizei que essas almas ou Espíritos renascem diversas vezes na Terra para a vida corpórea, a fim de progredirem e se depurarem; que o Cristo veio esclarecer essas mesmas almas, não só acerca de suas vidas passadas, como também em relação às suas vidas ulteriores, e somente então dareis à sua missão um sentido real e sério, que a razão pode aceitar.