A Gênese
CAPÍTULO XII
Gênese Mosaica
Paraíso perdido [3]
• Item 26 •
Eram necessários os conhecimentos que o Espiritismo forneceu acerca das relações do princípio espiritual com o princípio material, acerca da natureza da alma, da sua criação em estado de simplicidade e de ignorância, da sua união com o corpo, da sua indefinida marcha progressiva através de sucessivas existências e através dos mundos, que são outros tantos degraus da senda do aperfeiçoamento, acerca da sua gradual libertação da influência da matéria, mediante o uso do livre-arbítrio, da causa dos seus pendores bons ou maus e de suas aptidões, do fenômeno do nascimento e da morte, da situação do Espírito na erraticidade e, finalmente, do futuro como prêmio de seus esforços por se melhorar e da sua perseverança no bem, para que se fizesse luz sobre todas as partes da Gênese espiritual.
Graças a essa luz, o homem sabe doravante de onde vem, para onde vai, por que está na Terra e por que sofre. Sabe que seu futuro está em suas mãos e que a duração do seu cativeiro neste mundo depende unicamente dele. Despida da alegoria acanhada e mesquinha, a Gênese se lhe apresenta grande e digna da majestade, da bondade e da justiça do Criador. Considerada desse ponto de vista, ela confundirá a incredulidade e triunfará.
[1]N. de A. K.: Por mais grosseiro que seja o erro de tal crença, com ela ainda se embalam as crianças do nosso tempo, como se se tratasse de uma verdade sagrada. Tremem os educadores quando ousam aventurar-se a uma tímida interpretação. Como pretenderem que isso não venha mais tarde a fazer incrédulos?
[2]N. de A. K.: O termo hebreu haadam, homem, do qual se compôs Adão, e o termo haadama, terra, têm a mesma raiz
[3]N. de A. K.: Em seguida a alguns versículos se acha a tradução literal do texto hebreu, exprimindo mais fielmente o pensamento primitivo. O sentido alegórico ressalta assim mais claramente.
[4]N. de A. K.: Paraíso, do latim paradisus, derivado do grego paradeisos, jardim, pomar, lugar plantado de árvores. O termo hebreu empregado em Gênesis é hagan, que tem a mesma significação.
[5]N. de A. K.: Do hebreu cherub, keroub, lavrar; anjos do segundo coro da primeira hierarquia, que eram representados com quatro asas, quatro faces e patas de boi.
[6]N. de A. K.: Está hoje perfeitamente reconhecido que a palavra hebreia haadam não é um nome próprio, mas significa: o homem em geral, a Humanidade, o que destrói toda a estrutura levantada sobre a personalidade de Adão.
[7]N. de A. K.: Em nenhum texto o fruto é especializado na maçã, palavra que só se encontra nas versões infantis. O termo do texto hebreu é peri, que tem as mesmas acepções que em francês, sem determinação de espécie e pode ser tomado em sentido material, moral, alegórico, em sentido próprio e figurado. Para os israelitas não há interpretação obrigatória; quando uma palavra tem várias acepções, cada um a entende como quer, contanto que a interpretação não seja contrária à gramática. O termo peri foi traduzido em latim por malum, que se aplica tanto à maçã, como a qualquer outra espécie de frutos. Deriva do grego melon, particípio do verbo melo, interessar, cuidar, atrair.
[8]N. de A. K.: Desse fato se poderá inferir que os egípcios conheciam a mediunidade no copo de água? (Revista Espírita, junho de 1868.)
[9]N. de A. K.: O termo nâhâsch existia na língua egípcia, com a significação de negro, provavelmente porque os negros tinham o dom dos encantamentos e da adivinhação. Talvez também por isso é que as esfinges, de origem assíria, eram representadas por uma figura de negro.
[10]N. de A. K.: Esta ideia não é nova. La Peyrère, sábio teólogo do século dezessete, em seu livro Preadamitas, escrito em latim e publicado em 1655, extraiu do texto original da Bíblia, adulterado pelas traduções, a prova evidente de que a Terra era habitada antes da vinda de Adão. Essa é a opinião atual de muitos eclesiásticos esclarecidos.