A Gênese
CAPÍTULO XV
Os Milagres do Evangelho
Aparição de Jesus após sua morte
• Item 63 •
O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi a revolução que seus ensinamentos produziram no mundo, apesar da exiguidade dos seus meios de ação.
Com efeito, Jesus, obscuro, pobre, nascido na mais humilde condição, no seio de um povo pequenino, quase ignorado e sem preponderância política, artística ou literária, prega a sua doutrina apenas durante três anos; em todo esse curto espaço de tempo é desprezado e perseguido pelos seus concidadãos, caluniado, tratado de impostor; vê-se obrigado a fugir para não ser lapidado; é traído por um de seus apóstolos, renegado por outro, abandonado por todos no momento em que cai nas mãos de seus inimigos. Só fazia o bem, mas isso não o impedia de ser alvo da malevolência, que dos próprios serviços que Ele prestava tirava motivos para o acusar. Condenado ao suplício reservado aos criminosos, morre ignorado do mundo, visto que a História daquela época nada diz a seu respeito. [11] Nada escreveu; entretanto, ajudado por alguns homens tão obscuros quanto Ele, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou o farol da civilização. Tinha contra si tudo o que causa o malogro das obras dos homens, razão por que dizemos que o triunfo alcançado pela sua doutrina foi o maior dos seus milagres, provando, ao mesmo tempo, ser divina a sua missão. Se, em vez de princípios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro espiritual do homem, Ele só tivesse a oferecer à posteridade alguns fatos maravilhosos, talvez hoje mal o conhecêssemos de nome.