A Gênese
CAPÍTULO XVII
Predições do Evangelho
Anunciação do Consolador
• Item 37 •
Esta predição é, incontestavelmente, uma das mais importantes do ponto de vista religioso, porque comprova, sem qualquer equívoco, que Jesus não disse tudo que tinha a dizer, visto que não o teriam compreendido nem mesmo seus apóstolos, já que era a eles que o Mestre se dirigia. Se lhes houvesse dado instruções secretas, os Evangelhos fariam referência a tais instruções. Ora, desde que Ele não disse tudo a seus apóstolos, os sucessores destes não poderão saber mais do que eles com relação ao que foi dito; possivelmente se terão enganado quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou interpretado falsamente os seus pensamentos, muitas vezes velados sob a forma parabólica. As religiões que se fundaram sobre o Evangelho não podem, pois, dizer-se na posse de toda a verdade, visto que Jesus reservou para si a complementação posterior de seus ensinamentos. O princípio da imutabilidade, em que elas se firmam, constitui um desmentido formal às próprias palavras do Cristo.
Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que Ele dissera. Logo, não estava completo o seu ensino. Além disso, prevê não só que ficaria esquecido, como também que suas palavras seriam desvirtuadas, uma vez que o Espírito de Verdade viria lembrar tudo que Ele havia dito e, de comum acordo com Elias, restabelecer todas as coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro pensamento de Jesus.