A Gênese
CAPÍTULO XVII
Predições do Evangelho
Sinais precursores
• Item 54 •
Este quadro dos fins dos tempos é, sem dúvida, alegórico, como a maioria dos que Jesus compunha. Pelo seu vigor, as imagens que ele encerra são passíveis de impressionar inteligências ainda rudes. Para ferir fortemente aquelas imaginações pouco sutis, eram necessárias pinturas vigorosas, de cores bem acentuadas. Ele se dirigia principalmente ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de compreender as abstrações metafísicas e de apanhar a delicadeza das formas. A fim de atingir o coração, era preciso que falasse aos olhos, com o auxílio de sinais materiais, e aos ouvidos, por meio da força da linguagem.
Como consequência natural daquela disposição de espírito e segundo a crença de então, não era possível ao poder supremo manifestar-se senão por meio de fatos extraordinários, sobrenaturais. Quanto mais impossíveis fossem esses fatos, tanto mais aceita era a sua probabilidade.
O Filho do Homem, a vir sobre as nuvens do céu, com grande majestade, cercado de seus anjos e ao som de trombetas, lhes parecia muito mais imponente do que a simples vinda de uma entidade investida apenas de poder moral. Por isso mesmo os judeus, que esperavam no Messias um rei terreno, mais poderoso do que todos os outros reis, a fim de colocar a nação deles à frente de todas as demais e a reerguer o trono de Davi e de Salomão, não quiseram reconhecê-lo no humilde filho do carpinteiro, sem autoridade material.
No entanto, aquele pobre proletário da Judeia se tornou o maior entre os grandes; conquistou para a sua soberania maior número de reinos do que os mais poderosos potentados; apenas com a sua palavra e o concurso de alguns miseráveis pescadores, revolucionou o mundo e é a Ele que os judeus virão a dever a sua reabilitação. Jesus disse, pois, uma verdade, quando, respondendo a esta pergunta de Pilatos: “És rei?”, afirmou: “Tu o dizes”.