A Gênese

CAPÍTULO XVII

Predições do Evangelho

Juízo final
• Item 66 •


Moralmente, um juízo definitivo e sem apelação é inconciliável com a bondade infinita do Criador, que Jesus nos apresenta incessantemente como um bom Pai, que deixa sempre aberta uma porta ao arrependimento e que está pronto sempre a estender os braços ao filho pródigo. Se Jesus entendesse o juízo naquele sentido, desmentiria suas próprias palavras.
Além disso, se o juízo final houvesse de apanhar os homens de modo imprevisto, em meio de seus trabalhos ordinários, e grávidas as mulheres, caberia perguntar-se com que fim Deus, que nada faz de inútil ou injusto, faria nascessem crianças e criaria almas novas naquele momento supremo, no termo fatal da Humanidade. Seria para submetê-las ao julgamento logo ao saírem do ventre materno, antes de terem consciência de si mesmas, enquanto a outros foram concedidos milhares de anos para se inteirarem quanto à própria individualidade? Para que lado, direito ou esquerdo, iriam essas almas, que ainda não são nem boas nem más e para as quais, no entanto, encontram-se fechados todos os caminhos de ulterior progresso, visto que a Humanidade não mais existiria? (Cap. II, item 19.)

Conservem semelhantes crenças quem com elas se contentam; estão no seu direito e ninguém nada tem a ver com isso; mas não se aborreçam se nem todo mundo concorda com elas.