A teoria de Buffon, contraditada pelas novas descobertas da Ciência, está hoje completamente abandonada, pelas seguintes razões:
1º) Durante muito tempo acreditou-se que os cometas eram corpos sólidos, cujo encontro com um planeta podia ocasionar a destruição deste. Nessa hipótese, a suposição de Buffon nada tinha de improvável. Sabe-se agora, porém, que os cometas são formados de uma matéria gasosa que, embora condensada, é bastante rarefeita para que se possam perceber estrelas de grandeza média através de seus núcleos. Nesse estado, oferecendo menos resistência que o Sol, é impossível que num choque violento com este, eles sejam capazes de arremessar ao longe qualquer porção da massa solar.2º) A natureza incandescente do Sol é também uma hipótese que nada, até o presente, confirma, e que as observações, ao contrário, parecem desmentir. Se bem ainda não haja certeza quanto à sua natureza, os poderosos meios de observação de que hoje dispõe a Ciência têm permitido que ele seja melhor estudado. Hoje a Ciência admite, de modo geral, que o Sol é um globo composto de matéria sólida, cercada de uma atmosfera luminosa, ou fotosfera, que não se acha em contato com a sua superfície. [1]
3º) Ao tempo de Buffon, somente se conheciam os seis planetas de que os Antigos eram conhecedores: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Descobriram-se depois outros em grande número, três dos quais, principalmente, Juno, Ceres e Palas, têm suas órbitas inclinadas de
13 10:34 graus, o que não concorda com a hipótese de um movimento único de projeção. [2]
4º) Após a descoberta da lei da diminuição do calor, por Fourier, reconheceram-se completamente errôneos os cálculos de Buffon sobre o resfriamento da Terra. Na verdade, o nosso planeta não precisou apenas de 74.000 anos para chegar à sua temperatura atual, mas de milhões de anos.
5º) Buffon só levou em conta o calor central da Terra, sem considerar o dos raios solares. Ora, é sabido hoje, mediante dados científicos de rigorosa precisão, baseados na experiência, que, em virtude da espessura da crosta terrestre, o calor interno do globo não contribui, há muito tempo, senão em parcela insignificante, para a temperatura da superfície exterior. As variações que essa temperatura sofre são periódicas e devidas à ação preponderante do calor solar. (Cap. VII, item 25.) Sendo permanente o efeito dessa causa, enquanto o do calor central é nulo, ou quase nulo, a diminuição deste não pode trazer à superfície da Terra sensíveis modificações. Para que a Terra se tornasse inabitável pelo resfriamento geral, seria preciso que o Sol se extinguisse. [3]