Bastão de Arrimo

Capítulo XVI

Luz em nossos corações



“É o tempo a apagar nossas velhas amarguras, à maneira de esponja bendita, que tudo absorve, no capítulo de nossas mágoas, afim de que a luz se nos fixe nos corações.”


Minha querida mamãe, que Jesus nos guarde a fé e a esperança, para que a caridade divina encontre em nós o pouso abençoado no qual se traduza em bênçãos de alegria para a nossa jornada.

Dez anos passaram celeremente… É o tempo a apagar nossas velhas amarguras, à maneira de esponja bendita, que tudo absorve, no capítulo de nossas mágoas, afim de que a luz se nos fixe nos corações.

Não disponho de oportunidade para escrever uma carta longa ao seu carinho, porque a noite avança e não posso dilatar-me demasiado… Entretanto, na curta mensagem que lhe deixo em nosso caderno de santas recordações, desejo reafirmar à sua ternura que nos achamos sempre juntos no desdobramento de nossas tarefas.

Não tema, querida mamãe, as lutas que se desenham sempre ameaçadoras, em nosso horizonte. Estamos acostumados a contemplar a nuvem pesada para vê-la transformar-se em chuva benéfica.

Ajudemos a todos, caminhando para diante, na certeza de que só o amor, a paciência e a humildade conseguem abrir-nos as portas do Céu.

A nossa hora ainda é de prova e sofrimento. Satisfaçamos, consoante a vontade de Deus, aos nossos velhos compromissos, tudo fazendo para que a felicidade acompanhe os passos daqueles que se ligaram a nós dois, nas teias do destino.

Ivone e Carmem Sílvia estão sendo auxiliadas. A senhora é nossa árvore acolhedora e nós somos as aves inquietas. Tenha calma e auxilie-nos. Com o tempo, receberá a colheita de sua nobre sementeira de abnegação e sacrifício.

Em seu espírito generoso e sensível começa uma nova criatura — uma nova consciência — o coração renovado de quem encontrou a luz divina para converter-se em claridade para todos nós.

Que o Senhor nos ajude a vê-la sempre forte em seu apostolado de amor e luz.

E abraçando ao papai e aos meninos com toda a minh’alma e agradecendo a ternura de sua lembrança carinhosa, em visitando a nossa paisagem de luta salvadora de 1941, beija-lhe as mãos e o coração o filho reconhecido, que mora, constantemente, no santuário querido do seu abençoado coração.




Mensagem recebida em Pedro Leopoldo em 24/09/1951, véspera do aniversário de desprendimento de William, que na época completava 10 anos.