Você nos pede notícias, Caro Juca Sumaré, Sobre a maneira precisa, Com que hoje vejo a fé. É uma questão complicada, Junto à qual você me encosta, No entanto, a boa vontade Tem sempre alguma resposta. De uma vida para outra Não é como você pensa, Fé naquilo que imagino Mostra pouca diferença. Depois da morte, meu caro, A ideia é de cada qual, Assunto de confiança Pertence à vida mental. A fé completa, a meu ver, Mais se parece a uma estrela E a pessoa luta muito Até que possa obtê-la. A confiança é um tesouro Que se a junta devagar, O Espírito vai sofrendo E aprendendo a confiar. Sobretudo, antes do berço, Pedindo reencarnação, É que muita gente boa Vai de lição em lição. Muito amigo diz ter fé, Suplica luta violenta, Nasce, cresce, entra na prova, Diz depois que não aguenta. Você recorda Altalino, Fazia votos de fé, Vendo a casa em sofrimento, O coitado deu no pé. Antônio afirmava sempre Ser crente de força e raça, Abandonado por Joana Projetou-se na cachaça. Tintina orava solene, Mas vendo a morte do Meira, Quebrou a imagem da santa Que trazia à cabeceira. Era médium valorosa Dona Licota de Andrade, Notando o esposo doente, Largou a mediunidade. Outro médium de importância, Era Quincota do Coentro, Vendo o pai acidentado, O rapaz fugiu do Centro. Dizia ter fé gigante Nosso irmão Délio da Luz, Entrando na viuvez, Nada mais quis com Jesus. Vendo um filho em provação, A médium Cora Farias, Abandonou a sessão, Xingando todos os guias. De prova em prova na estrada Na evolução que se ajeita, Um dia, teremos todos A fé sublime e perfeita. Mas, por enquanto, meu caro, Deus que é o Pai do Sumo Bem Ampara cada pessoa Conforme a fé que se tem. |