Caro Armando, recebi Os bilhetes e os recados; Você deseja notícias De alguns dos nossos finados. Entendo. Finados hoje Para nós, é a comitiva Dos irmãos fora da Terra, Gente morta sendo viva. Não posso dar muitas notas De sentido mais profundo, Falarei de alguns amigos Já reencarnados no mundo. Às vezes, nos cemitérios, A gente chora na campa De amados que já voltaram Para a Terra, em nova estampa. Você recorda Nhô Zeca Que liquidou João Matula? João voltou à casa dele, É o netinho que ele adula. Por causa de Frederico, Suicidou-se o Tonho Prata, Tonho, porém, renasceu… É o bisneto que o maltrata. Outro suicídio, o de Délio Que morreu por Lia Benta… Délio tomou novo berço, É o filho que ela amamenta. Por ambição, Carlomanho Arrasou com Dona Luna; Ela nasceu neta dele, A fim de herdar lhe a fortuna. Tino e Rita promoveram A morte de Adão Ramalho; Adão renasceu com eles, Trazendo imenso trabalho. Nhô Téo acabou com Joana Ao não querê-la por nora, Mas Joana já reencarnou… É a netinha que ele adora. Morreram dois inimigos: Tião e Juca da Barra… Agora nasceram gêmeos, Vieram irmãos na marra. Desencarnado, Nhô Gino Que falava mal de tudo, Pediu corrigenda a Deus, Em seguida, nasceu mudo. Nosso assunto é isto aí… Recordação de finados É a vida em torno da vida Que se expressa por dois lados. Enquanto estamos na Terra, Para dizer o que posso, Muita vez, a gente reza Em campo que já foi nosso. |