Recebi a sua carta Meu caro Juca Beirão, Você deseja se fale Em culpa e reencarnação. Da sua pergunta amiga Não posso me descartar, Por isso, peço desculpas Do meu modo de informar. Sabe você, a pessoa, Seja aí ou seja aqui, Segue o tempo carregando Aquilo que fez de si. Quando lesamos alguém, Conforme lei natural, Plantamos na própria vida Uma semente do mal. Tempo surge, tempo some Em horas de sombra e luz, Mas chega um dia entre outros Em que a semente produz. O valor desta lição Não posso dar em miúdo, É que existe em cada efeito Uma causa para estudo. Por isso, ante o seu exame, Sem nomear o endereço, Apresento ao caro amigo Alguns casos que conheço. A fim de poupar o tempo Que vai seguindo veloz, Falemos tão só nos erros Que assumimos contra nós. Perdeu-se de todo em pinga, Nosso Antonico Vanzeti, Renasceu mas traz consigo A luta com diabete. Emilota de Traíras Fez abortos à vontade, Reencarnada quer ter filhos Mas sofre esterilidade. Desencarnada em excessos Voltou à Terra Ana Frozzi, Mas padece a obesidade De nome lipomatose. Com muito abuso de drogas, Desencarnou Léo Faria Hoje só pode nascer Na herança da hemofilia. Beleza desperdiçada, Lá se foi Mira Vilar, Renascendo, tem doenças Que não conseguem sarar. Afogou-se num suicídio Odorico de Ipanema, Voltou, mas em tempo certo Terá lutas de enfizema. Atirou no próprio crânio, Nhô Ninico da Calçada, Retornou a novo corpo, Mas tem a ideia alterada. Em muitos casos, doença Quando aparece e demora, É a luta que nós criamos De longa e lenta melhora. É isso aí, caro amigo, Anote esta lei comum: — Na culpa de cada qual É a prova de cada um. |