Eis aqui sua pergunta, Minha prezada Lilia: De que modo liquidar A força da antipatia. Você sabe. Antipatias Na sombra espessa em que estão Aparecem de improviso, Quase sempre sem razão. O assunto chega de longe, Parece graves feridas, Moléstias do pensamento Que trazemos de outras vidas. Comumente, a novidade É cousa que nos alcança, Quando alguém de encontro novo Não nos causa confiança. Aumentam-se gentilezas, Seja no lar ou na rua, Mas a repulsa por dentro É sombra que continua. Aí, é a doença antiga Que nem sempre vem à face, Veneno desconhecido, Ódio velho que renasce. Declarada a enfermidade, Usemos, de modo atento, O remédio da oração Que nos traga o esquecimento. Depois da prece que extinga Esse mal que nos invade, Procuremos o exercício Da paz e da caridade. Meditemos no passado… Que teria acontecido? Quem nos impõe desagrado Talvez nos haja ferido. Ou talvez, sejamos nós, Segundo o reto pensar, Os causadores da sombra Com culpas a resgatar. Por isso, quando apareça Algum inimigo à frente, Peçamos a Deus nos dê Compaixão que ajude a gente. Por vezes, quem nos pareça Dose de cobra ou leão É uma pessoa cansada De espinhos no coração. Terá sido noutras eras Terrível perseguidor, Hoje, às vezes, é um pedinte De compreensão e de amor. Quando você ache alguém Que o peito lhe aflige ou tranca, Pense em Cristo, ore com calma E evite qualquer carranca. Pelos caminhos da vida A presença da aversão É sempre a hora difícil De regresso à provação. E quando a prova ressurge, Queira ou não queira acertar Deus nos coloca, Lilia, No tempo de perdoar. |