— “Que pode um desencarnado Dizer sobre educação?” Eis aqui sua pergunta Caro amigo Viamão. Educação — velho tema Que se estuda por dever, Tão fácil de se explicar, Tão difícil de entender!… A Terra é uma grande escola Do bem suprimindo o mal, Como agora a reconheço Da Vida Espiritual. Para que tempo no mundo, Entre passado e porvir? Para que se nasce e morre Senão para se instruir? A pessoa ganha o berço Para a conquista do bem, Se aprende, trabalha e serve, Vai seguindo Mais Além… O Espírito, em qualquer parte, Pode o que pensa que pode, Mas, em se achando na Terra, Aí é que a luta explode. Raro o espírito encarnado Que aceita o que deve ser, A maioria, entre os homens, Sofre o medo de sofrer. E receando ferir-se, Intenta fuga ou disfarce, Recusando o próprio ensejo De educar e de educar se. Agora, depois da morte, Bastante tempo depois, É que entendo os casos tristes Que passaram por nós dois. Tim renasceu com problemas Para obter disciplina, Tendo o sexo lesado Suicidou-se com morfina. Tânia pediu casa em provas, A fim de aprender a amar, Ligada a um marido enfermo, Largou-se do próprio lar. Querendo aprender perdão, Tomé pediu outra vida, Achando pais exigentes, Deslanchou para a bebida. Ao tentar conformação, Nosso Alarico Machado, Internado na penúria, Suicidou-se revoltado. Buscando olvidar paixões Gil nasceu de Ana Noronha, Mais tarde, tendo conflitos, Abandonou-se à maconha. Tônio querendo mais fé Pediu luta e tentação, Na Terra, falava em Deus Trazendo um porrete à mão. Rogou missão de educar Dona Jurana Junquilhos, Mas podava as pimenteiras, Desprezando os próprios filhos. Para ajudar entes caros Noé nasceu na Água Branca, Hoje, pai, só mostra em casa Tristeza, grito e carranca. É isso aí… Educar É serviço dos serviços, Mas quão difícil honrar Nossos próprios compromissos!… Para mim mesmo essa bênção, É luz de Deus a brilhar, Mas tenho, para obtê-la, Muitos séculos que andar… |