Libório, depois da festa, Chegou, reclamando em casa, Cambaleava e gemia, Mostrando os olhos em brasa… Despejou-se numa cama, Desvestiu-se sem cautela E passou a vomitar Saliva grossa e amarela. Gritava com dor no ventre, Dizia-se com tonteira, O coração disparava Com tremenda batedeira. Excedeu-se na festa, Devorando peixe assado, Com batida de limão Num grande copo de lado. Depois comera cabrito, Torresmo, chouriço e frango, Sentindo-se entusiasmado, Caiu, feliz, no fandango. Cantou, dançou, batucou, Tocando antiga viola, Que trouxera resguardada Por dentro de uma sacola… Agora, clamava aos berros, Ele, o touro e amigo forte, Que não aguentava as dores, Que via, de perto, a morte… À noite, foi à sessão Com o apoio de enfermeiro, Queria ouvir o Irmão Júlio, Seu guia e seu companheiro. No momento da consulta Disse o Libório: “Ah! irmão, A doença me apanhou, Vivo agora em provação…” “Que diz o meu caro Guia? Pois creio em sua virtude, Necessito, quanto antes Retomar minha saúde!…” O Amigo Espiritual Respondeu com gentileza: — “Vi você, ontem, na festa, Gostei de sua destreza. “Tenha calma, irmão Libório, Guarde a Fé, pense no Bem, Deus é um Pai que nunca dorme, Nem abandona a ninguém. “Mas escute este rifão Que ofereço ao seu amparo: Quem a paca caro compra, Pagará a paca caro.” |