Bezerra, Chico e Você

Capítulo XLIV

Família mais ampla



Tantas vezes nos referimos aos problemas da família no mundo!

Filhos difíceis, pais-problemas, parentes que se nos erigem condição de antagonistas, companheiros do lar que nos relegam ao abandono!

E, em consequência, as lutas aparecem, agressivas e contundentes.

É aí no instituto doméstico que somos chamados a praticar paciência e a exercitar compreensão.

Muitos de nós se acham detidos nessa oficina de burilamento e melhoria, incapazes de ultrapassar a órbita da consanguinidade para a construção do do amor a que as Leis do Senhor nos destinam.

Entretanto, a nós outros, os espíritas, compete a obrigação de enxergar mais longe e reconhecer mais amplos os deveres que nos prendem à experiência comunitária.

Não somente suportar os conflitos de casa com denodo e serenidade, abraçando os entes queridos com a certeza de que os amamos, livres de nós, se assim o desejam, para serem mais cativos aos desígnios de Deus.

Não apenas isso. Entender também nos grupos em que nos movimentamos a nossa família maior. E amar, auxiliar, apoiar construtivamente e servir sempre a todos os que nos compartilhem o trabalho e a esperança!

A independência existe unicamente na base da interdependência. As Leis Divinas criaram com tamanha sabedoria os mecanismos da evolução que todos nós, de algum modo, dependemos uns dos outros.

Não se renasce na Terra, sem o concurso dos pais ou dos valores genéticos que forneçam.

Não se adquire cultura sem professores ou recursos que eles se decidam a formar.

Não se obtém alimento sem esforço próprio, nem sob o amparo do esforço alheio.

E nem se alcança experiência por osmose, já que todos nós somos conduzidos à arena da existência, uns à frente dos outros, afim de aprendermos a amar-nos e compreender-nos mutuamente.

Reportamo-nos a isso para dizer-vos que as tarefas em nossas mãos constituem núcleos de serviço e união, dentro dos quais, por devotamentos realizações que nos cabe efetuar, é preciso nos inclinemos à fraternidade autêntica, abençoando e ajudando a quantos nos cerquem.

Há famílias de ordem material e aquelas outras de ordem espiritual afirma-nos o Evangelho, () na Doutrina Espírita.

Atendamos, por isso, ao nosso conceito de família mais ampla.

Grande é a luta, entretanto, isso se verifica, a fim de que a nossa vitória seja igualmente maior.

Conduzamos a nossa mensagem de paz e amor a quantos nos partilhem a estrada do dia a dia.

Esse é mais forte e pode oferecer-nos apoio em certo sentido, mas aquele que se revela mais fraco é o companheiro que espera de nós o auxílio necessário para fortalecer-se.

Aqui, encontramos alguém que se nos afina com o modo de pensar e de ser, transformando-se-nos em fonte de estímulo, no entanto, ali, surge outro alguém que ainda não edificou em si os valores espirituais que lhe desejamos, aguardando-nos abnegação e entendimento para se nos harmonizar comas aspirações e os ideais de mais alta expressão.

Além, identificamos a presença daqueles que conseguem ombrear conosco no mesmo nível de trabalho, incentivando-nos a servir, mas adiante, observamos a ação daqueles outros que nos afligem ou atrapalham, exigindo, porém, de nossa compreensão o auxílio preciso para se tornarem simpáticos e produtivos na obra em que fomos engajados pelo Senhor.


Família e família!

Família do coração entre algumas paredes e família maior do espírito a espraiar-se em todos os domínios da Humanidade!

Sigamos, à frente de nossas tarefas, amando e abençoando por amor à construção que nos foi confiada o que, na essência, quer dizer por amor nossa própria felicidade.

Filhos queridos!

Recordemos: cada criatura, que nos desfruta o caminho ou a experiência, é semelhante à planta que se ajudarmos nos ajuda.

Somos todos clientes uns dos outros no trabalho em que a vida nos situou. Agradeçamos a oportunidade de entender isso e o privilégio de trabalhar por um Mundo Melhor com o nosso Espírito Melhorado seguindo para a Vida Melhor.



De mensagem recebida em 24.02.1973.