Quando a morte nos alcança Apagando-nos a vez É que nos dói na lembrança Todo o bem que não se fez.
Dá o que tenhas a dar, Não te faças desatento; Na morte, é triste pensar Em tricas de testamento.
É um sofrimento profundo Lembrar, em plena agonia, Que não se amou neste mundo Tanto quanto se podia.
Era cristão, morreu crente, Mas viu-se longe da luz… Espancara muita gente Nas pontas da própria cruz.
A morte, mesmo sombria, Para quem cumpre o dever É a porta de novo dia No instante do amanhecer.
Eis a dúvida que trago Por peso de grande porte: Se somos mortos na vida, Se somos vivos na morte.
Para aquele que procura Viver sob a lei do amor, A morte tem a figura De um anjo libertador.
Se a morte acaba ganhando, Tem atrasos e empecilhos, Quando encontra as mães rezando À cabeceira dos filhos.
Sentença que em luz se encerra Na frase de que se enfeixa: A gente leva da Terra Aquilo que a gente deixa.
Reconheço… Ninguém morre… Mas se a morte vem à vida, Só Deus é quem nos socorre Na hora da despedida.
Foi na hora derradeira… Entregando-me a Jesus, Vi que a treva da cegueira Era uma estrada de luz.
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