Morrer… Partir… Transformar… Fases de um trio violento… Pior é desencarnar A vida do pensamento. Na morte, o peito não cabe As lágrimas que armazena; Mais tarde, a gente não sabe, Se o choro valeu a pena. A surpresa do suicida É notar-se em derredor Das provas da mesma vida Que mudou para pior. Quando a morte vem de vez, A pessoa, nesse dia, Contempla tudo o que fez Naquilo que não queria. A morte aponta, a meu ver, Uma luz brilhante e imensa Que se tem, depois de ser Pobre cego de nascença. Velório exposto na sala É um palco de gente em luta, Nas verdades que se cala, Nas mentiras que se escuta. O coração, ante a morte, Se viveu de paz e amor, Lembra um pássaro saindo De uma gaiola de dor. Na morte, qual vejo agora, Nos quadros que anoto aqui, A pessoa vê por fora Aquilo que traz em si. Com grande apego ao marido Desencarnou Guiomar… Foi vê-lo, após quatro dias… Tinha outra no lugar. O homem não pensa na morte Por muito que se contriste; Não é que ele seja forte, É que a morte não existe. |