Dura verdade da vida Que o tempo nos afiança: Uma criança sem berço — Futuro sem esperança.
Filho e mãe — dupla que roga O amor de quem se lhe abeira; Ninguém mostra amor à rosa Menosprezando a roseira.
Só Deus articula o esquema Que, no olhar de um pequenino, Resolve tanto problema E aclara tanto destino.
Quem nasce vem procurar-te Para caminho seguro; A criança, em qualquer parte, É o capital do futuro.
Criança à-toa na estrada, Desorientada ou esquecida É uma vida perturbada Rogando socorro à vida.
Com criança, amor e tato, Seja em teu lar ou no meu, Um filho é sempre o retrato Daquilo que se lhe deu.
Criança que se consente, Sem freio, lição ou fé, Coça na vida da gente Mais do que bicho de pé.
Nos entrechoques da vida Que se lembre aos pais incréus: Toda criança nascida Traz um recado dos Céus.
Pai que atravessa cercado, Mãe que perde a lucidez E menino malcriado, Coitadinhos desses três.
Falando em filhos, a fundo, Toda criança é uma voz Que vai proclamar no mundo Aquilo que somos nós. |