Se a provação te busca de improviso, Faze silêncio e ora, Lembra o aguaceiro, à noite, lá por fora, Com trovões rebentando as entranhas do ar; Passa o vento por látego, brandindo Os braços do arvoredo, Piam aves com medo, Sem rumo e sem lugar. Das nuvens ribombando Na escuridão noturna, Cai a chuva invadindo, furna em furna, Em que animais se ocultam a tremer… Faz-se o vento ciclone indômito, selvagem, Tentando derrubar o casario, Corre a enxurrada parecendo um rio, Cuja enorme extensão não se pode prever… Fulgem coriscos por sinistras luzes Rasgando a sombra densa… É a tempestade imensa Com tremendo vigor; A noite avança em graves desafios, Estranha força agride a natureza, Nada se sabe com certeza Dessas horas de horror… Entretanto, alma irmã, guarda o silêncio e a prece, O temporal se esvai… A aurora vem brilhando, Róseas cores no céu chegam em bando, De novo impera a brisa renovada… Reconheces, então, que orando sem barulho, E acomodando a mente em silêncio bem-vindo, Poderás, amanhã, rever o céu mais lindo, No festival de luz da nova madrugada!…
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