O amor dispensa baliza E tudo o que o fira e rose Mas a verdade precisa De tempo, lugar e dose.
Deus me perdoe, mas franqueza Se é demais, acaba assim: Um projetor de tristeza Que arrasa qualquer serviço.
Não transformes a verdade Em perigosa esparrela; É possível que amanhã Caiamos nós dentro dela.
Verdade que se apresente Sem controle ou sem censura Acaba com muita gente Na fossa da sepultura.
Dizia amar a verdade, Falou tanta cousa feia, Que um dia parou na grade, Com dois anos de cadeia.
A verdade por mais dura, Mesmo coberta de lama, É uma fonte que se apura No coração de quem ama.
Intriga, caminho afora, É uma aranha que se estira; Em qualquer canto onde há sombra Tece a trama da mentira.
Verdade, quando sem nível, Nem tempo, assunto e lugar, Em muita gente, é possível De confundir ou matar.
Da franqueza desabrida, Tadeu condenava tudo… Agora, tendo outra vida, O coitado nasceu mudo.
Disse-me o Céu, ao clamor De meus impulsos plebeus: Cultiva a benção do amor, Deixa a verdade com Deus. |