Todo homem que apareça Altos encargos tentando Para que se lhe conheça Que se lhe dê posse e mando.
Por mais que o ouro lhe adoce As lutas do próprio avanço, Coração preso na posse Jamais conhece descanso.
Quem tem tudo quanto quer, Seguindo a ambição voraz, No caminho em que estiver, Por nada se satisfaz.
Posse feliz é uma roça Depois de um cercado em flor, Um violão e uma choça Iluminada de amor.
Deus é amor. Outra asserção Alguém na Terra, ao fazê-lo, Parece um verme do chão Querendo alcançar as estrelas.
Viveu com tanta tristeza Que, ao morrer, de fé postiça, Era a imagem da moleza Na moldura da preguiça.
Tempo de sono e de sede!… Triste a idade em João Coringa… Foram cinquenta de rede, Fora quarenta de pinga.
A posse assim se revela Por invisível amarra: Tanto mais te dês à ela Quanto mais ela te agarra.
Das posses que se te tomem, Eis a verdade que há: Quanto mais possui um homem, Mais possuído será.
Ouro, posse e formosura Formam laços sedutores De um trio sempre à procura Da astúcia de malfeitores. |