Para quem luta e padece, Bendizendo a própria dor, Em tudo, a morte parece, Um anjo libertador. Quando a morte vem à gente É uma luz brilhante e bela; Mas é muito diferente Se a pessoa vai a ela. Eis o maior desconforto Que mais me feriu na vida: Mãe chorando um filho morto No instante da despedida. Morte… Ansiedade… Conflito… Angústia… Dúvida… Sede… Depois, o sono bendito Ao doce embalo da rede. Na morte, nada supera Todo o esplendor que se asila Nas visões da primavera Da consciência tranquila. Na cegueira em que eu vivia, Eis que a morte a me envolver, Era a luz de novo dia No brilho do alvorecer. Quando a morte me buscou, Numa simples brincadeira, Virei crumatá no anzol Da ponta de uma peixeira. A Morte, ao me procurar Tinha uma voz doce e mansa Numa canção de ninar Qual se eu fosse uma criança. |