Conversávamos sobre familiares enfermos. Alguns amigos falavam de parentes custeados por outros em casas assistenciais de repouso e de saúde, por serem pessoas que a maturidade extrema na vida física tornara menos aptas ao otimismo e à alegria.
Fixávamos o assunto nesses casos, não de doentes propriamente considerados, mas de familiares de convivência menos fácil que são afastados do recinto doméstico em regime de pensões pagas, quando a nossa reunião foi iniciada. O Evangelho Segundo o Espiritismo () nos deu para estudo o item 8 do capítulo XIV. Depois dos comentários, o nosso caro Emmanuel nos trouxe a página “Parentes Enfermos”.
Como tratarei os parentes enfermos? Pergunta muitas vezes repetida e analisada.
De nossa parte, responderemos aos amigos que no-la endereçam, segundo o critério da imortalidade.
Ainda mais.
Esclareceremos que irmãos enfermos não são unicamente aqueles que a radiografia revela ou que a experiência médica registra.
Além das moléstias que se manifestam no corpo físico, temos ainda aquelas outras que se entranham na alma, por enquanto arredadas da patologia comum.
Se consegues, assim, perceber os sofrimentos daqueles que se te vinculam à existência, conserva-os contigo, tanto quanto puderes.
Quanto mais pesem no orçamento de tempo e possibilidades a que te prendas, mais necessitados se mostram de proteção e segurança.
Em muitas ocasiões, talvez possas situá-los em recintos pagos, com o beneplácito da tua bolsa. Entretanto, embora te reverenciemos os impulsos de generosidade, não vacilamos em reformular o apelo à tua misericórdia para que os mantenhas no calor da própria ternura.
São eles filhos imobilizados no leito, a te pedirem socorro; ascendentes que se fizeram valetudinários e te rogam assistência, enquanto aguardam a cirurgia da morte; companheiros encarcerados em moléstias difíceis ou irmãos outros em transes graves da vida orgânica.
Além deles encontramos ainda os doentes mentais, supostamente sadios, aqueles que passaram a evidenciar comportamento infeliz; os caídos em experiências amargas no campo afetivo; os desmemoriados diante das obrigações que assumiram e os que carregam obsessões ocultas que lhes desfiguram a imagem.
Diante dos parentes enfermos, se te reconheces com saúde e equilíbrio, a fim de observá-los, compadece-te deles e guarda-os no clima da própria presença, quanto isso se faça possível.
Todos eles são a continuidade de nossos débitos ou prolongamentos de nossa própria ternura.
Recordemos que a morte é somente mudança, que nos reencontraremos todos, agora ou no futuro, e doemos àqueles corações que nos cercam todo o amor que esperam de nós ou que nos solicitam, a fim de se complementarem na evolução a realizar ou no trabalho a fazer.
Abençoa hoje os que amanhã te abençoarão.