Precedendo a nossa reunião, a palestra geral dos amigos em nossa instituição versava sobre os conflitos e crises do nosso tempo. Dificuldades no esclarecimento das criaturas entre si, ideias novas em choque com as ideias tradicionais, lutas no campo da família e perplexidades impostas pela renovação em toda parte.
Amigos diversos simbolizavam o estado atual do mundo por verdadeira tempestade. O Livro dos Espíritos () nos trouxe para estudo a questão 799. O assunto foi amplamente debatido. E, ao findar a reunião, o nosso caro Emmanuel compareceu com a página “Refugiados”.
Em Doutrina Espírita falas de calamidades e tempos difíceis, simbolizando a própria situação como sendo a de alguém que se vê ante o rigor da tempestade.
E, ao mesmo tempo, regozijas-te com a fé, a cujo clarão te iluminas, à feição da pessoa que se reconhece sob teto seguro.
Não te esqueças, assim, dos companheiros expostos à intempérie, que te batem às portas do coração. Chegam de todas as procedências.
Trilharam caminhos ásperos à procura de entendimento.
Alcançam-te as áreas de trabalho, buscando apoio que os livre da insegurança.
Muitos deles mostram os pés sangrando a recordarem os espinheiros em que se enrodilharam pelo cansaço extremo;
outros trazem as mãos calejadas no esforço com que se escoraram em pedras rudes por agentes de salvação;
outros ainda se envolvem no frio do pessimismo, haurido ao contato de almas imaturas que lhes responderam aos testemunhos de afeto a golpes de incompreensão;
muitos exibem chagas de sofrimento a remanescerem das lutas travadas consigo mesmos, para não se marginalizarem na delinquência;
surgem outros muitos revelando inibições complexas que adquiriram no trato com as desilusões que lhes abafaram as esperanças
e outros muitos ainda carregam o cérebro dementado pela angústia cristalizada no espírito ante a força das provas a que se viram sujeitos.
Se a luz da Doutrina Espírita já te alcançou a existência, não desprezes e nem reproves os irmãos que te abordam o campo de ideal e de ação, entremostrando sinais e feridas, lembrando os caminhos obscuros em que transitaram.
Recorda que o Cristo nos chamou para auxiliar.
Acolhe-os como puderes e faze-lhes o bem que possas.
São refugiados em tua construção de fé sem serem ainda viajores de Espírito perfeito.
Qual nos ocorre, erigem-se por agora à posição de criaturas em evolução, entre erro e acerto, sombra e luz.
E se alguém te recriminar porque lhes estendas braços fraternos, insiste no bem e estende o bem, recordando as palavras do próprio Cristo quando asseverou não ter vindo à Terra para curar os sãos. (Lc