O público aplaude e vibra, A orquestra muda o compasso, É o número do palhaço, Zombaria e sensação… Arlequim no picadeiro, Transmite alegres piadas, Repetem-se as gargalhadas Em fantástica explosão. Depois de frases picantes, Ornadas de fantasia, Comenta os fatos do dia, Que demonstra conhecer; Toda a plateia se esbalda Contente e desinibida… Aquele artista da vida É o campeão do prazer. O espetáculo termina, O cômico galhofeiro Ganhara muito dinheiro E ele se punha a pensar: — “Agora, é o regresso à casa, Quero ver como se sente Minha filhinha doente, O coração de meu lar…” Ele volta. A casa humilde Revela-se iluminada, De alma opressa e amedrontada, A tremer, transpõe a porta… E ele, o palhaço famoso, Que rira e agradara tanto, Num quarto, acha a esposa em pranto, Carregando a filha morta. |