Alma querida, às vezes te lamentas, Vertendo pranto amargo às escondidas… Sofres, na solidão, as horas lentas De quem busca no arquivo das lembranças Abrir de novo chagas esquecidas. E padeces em vão e em vão te cansas, Sob a angústia mortal com que te importas… Mágoas passadas, lutas, cicatrizes, Recordações de instantes infelizes Nas quais te desconfortas. Entretanto, alma boa, Se alguém se te fez causa de amargura, Segue à frente e perdoa… Não te detenhas na clausura Do pranto inútil que te desarvora. Mesmo de coração alquebrado e sozinho Procura compreender Que além de cada noite no caminho Haverá sempre um novo amanhecer. Não tentes reaver Os ídolos tombados sob o vento Do desengano, erguido em sofrimento, Que já varaste pela estrada afora. Se a semente fugisse De suportar a morte em seu próprio reduto, Que seria da planta a levantar-se eleita? E se a flor não caísse Que seria do fruto Destinado a manter a vida na colheita? Se a fonte receasse A pedreira de lâminas que a corta E, às súbitas, parasse, Todo campo traria sobre a face Um charco de água morta. Assim também, alma sempre querida, Não te entregues à sombra e à solidão, A fim de lastimar os desgostos da vida… Segue adiante e verás! Quanta gente a esperar-te o coração Suplicando-te apoio, afeto e paz?! Quantas almas lutando a esmolar-te esperança, Quanta desolação, quanto lamento, Quanta crença a tremer na insegurança, Quanta angústia a rogar-te o alívio de um momento?!… Alma fraterna, escuta, Não desprezes a fé, nem desistas da luta, Esquece-te e prossegue, ama, eleva e auxilia!… Dor é bênção do Céu que nos conduz A caminhar servindo, dia a dia… Por ela encontrarás chorando de alegria A grandeza do Amor na vitória da Luz!… |