Caminhos do Amor, Os

Capítulo XVI

Segue adiante



Alma querida, às vezes te lamentas,

Vertendo pranto amargo às escondidas…

Sofres, na solidão, as horas lentas

De quem busca no arquivo das lembranças

Abrir de novo chagas esquecidas.


E padeces em vão e em vão te cansas,

Sob a angústia mortal com que te importas…

Mágoas passadas, lutas, cicatrizes,

Recordações de instantes infelizes

Nas quais te desconfortas.


Entretanto, alma boa,

Se alguém se te fez causa de amargura,

Segue à frente e perdoa…

Não te detenhas na clausura

Do pranto inútil que te desarvora.


Mesmo de coração alquebrado e sozinho

Procura compreender

Que além de cada noite no caminho

Haverá sempre um novo amanhecer.


Não tentes reaver

Os ídolos tombados sob o vento

Do desengano, erguido em sofrimento,

Que já varaste pela estrada afora.


Se a semente fugisse

De suportar a morte em seu próprio reduto,

Que seria da planta a levantar-se eleita?

E se a flor não caísse

Que seria do fruto

Destinado a manter a vida na colheita?

Se a fonte receasse

A pedreira de lâminas que a corta

E, às súbitas, parasse,

Todo campo traria sobre a face

Um charco de água morta.


Assim também, alma sempre querida,

Não te entregues à sombra e à solidão,

A fim de lastimar os desgostos da vida…

Segue adiante e verás!


Quanta gente a esperar-te o coração

Suplicando-te apoio, afeto e paz?!

Quantas almas lutando a esmolar-te esperança,

Quanta desolação, quanto lamento,

Quanta crença a tremer na insegurança,

Quanta angústia a rogar-te o alívio de um momento?!…


Alma fraterna, escuta,

Não desprezes a fé, nem desistas da luta,

Esquece-te e prossegue, ama, eleva e auxilia!…


Dor é bênção do Céu que nos conduz

A caminhar servindo, dia a dia…

Por ela encontrarás chorando de alegria

A grandeza do Amor na vitória da Luz!…