Caminhos do Amor, Os

Capítulo XXV

Página às mães



Mães queridas,

Vós que perdestes filhos bem-amados

Somando tantas vidas

A que destes carinhos e cuidados,

De que só Deus na vida sabe a conta;


Mães, cuja imensa dor não se confronta,

Com qualquer sofrimento que há no mundo

Por mais rude e profundo,

Quisera amenizar-vos as feridas,

Que vos fizeram contundidas,

Súplices, desoladas, semimortas…


Entretanto, ai de mim!…

Com que verbo, meu Deus, poderia expressar

A dor que vos desfez a ventura do lar?

Como suprimiria

A sombra que vos guarda a suprema agonia?

De que modo afastar de vossa mente

Esses quadros cruéis que desenhais,

Manejando o pincel de angústia e espanto

Que umedeceis no fel de vosso pranto,

A dizer: “Nunca mais…?”


Entretanto, essas vidas juvenis

Seguem o sofrimento que sentis,

Choram com vossas lágrimas, padecem

Com a vossa mesma dor de que nunca se esquecem…

E rogam-vos consolo, paz, alegria e esperança,

Pedindo-vos trazê-los na memória,

Como quem atingindo os louros da vitória,

Desejam ser lembrados como são:

Espíritos valentes,

Prosseguindo contentes

No sublime ideal de elevação…


Enxugai vosso pranto

E, servindo, esperai

O reencontro feliz nas moradas do Pai…


Padecendo, chorando e amando sempre,

Aguardai outros dias

Em que renascereis de novas alegrias,

Sem o gelo terrível da saudade

De vossa longa espera

E sim na 1nalterável Primavera

Ante o amor sem adeus da Eternidade.


Lembrar-vos-ei, porém,

Aquela antiga história de Belém… (Lc 2:1)

Uma doce criança

Nasceu entre cantigas de esperança,

De uma frágil mulher quase menina…

Uma estrela no Azul, em altos resplendores,

Indicou-lhe a missão, fulgurante e divina.

Anjos do Céu uniram se aos pastores

E entoaram louvores

Que em toda a Terra ainda não se ouvira…

O menino cresceu, plantando amor,

Amparava os humildes e os cansados,

Levantava os doentes,

Erguia corações desesperados

E transformava os homens inclementes

Em modelos de paz e de brandura,

Era um jovem trazendo a grandeza da Altura,

Referindo-se a Deus por Pai de Infinita Bondade,

Que nunca abandonou a Humanidade…


Pois, simplesmente porque amasse a todos,

Foi perseguido, preso, injuriado,

Depois levado à cruz

Em que morreu crucificado

Perante a multidão…

Foi assim que Jesus,

Sem amigos, na dor do último dia,

Teve somente o amparo de Maria,

A mãe humilde que o seguiu de perto…

Heroína de amor e aceitação,

Não censurou ninguém.

De alma cansada e coração deserto,

Ela apenas chorou na bênção da oração,

Entregando-se a Deus

O Eterno Sol do Bem.


Embora a imensa dor, sempre ungida de fé,

A pobre mãe de Nazaré,

Esperou silenciando a alma ferida

Até que o filho amado,

Em retornando à vida,

Fez-se o ressuscitado,

E novamente erguendo corações,

Converteu-se no Guia das Nações.


Mães, que hoje sofreis, lembrai-vos dela,

Maria ser-vos-á consolação;

Entregai-lhe a amargura ao coração

E entendereis que os vossos filhos,

Joias de vossa luz,

Agora sob a névoa da saudade,

Ante o Anjo de Amor da Humanidade,

São irmãos de Jesus.