Mães queridas, Vós que perdestes filhos bem-amados Somando tantas vidas A que destes carinhos e cuidados, De que só Deus na vida sabe a conta; Mães, cuja imensa dor não se confronta, Com qualquer sofrimento que há no mundo Por mais rude e profundo, Quisera amenizar-vos as feridas, Que vos fizeram contundidas, Súplices, desoladas, semimortas… Entretanto, ai de mim!… Com que verbo, meu Deus, poderia expressar A dor que vos desfez a ventura do lar? Como suprimiria A sombra que vos guarda a suprema agonia? De que modo afastar de vossa mente Esses quadros cruéis que desenhais, Manejando o pincel de angústia e espanto Que umedeceis no fel de vosso pranto, A dizer: “Nunca mais…?” Entretanto, essas vidas juvenis Seguem o sofrimento que sentis, Choram com vossas lágrimas, padecem Com a vossa mesma dor de que nunca se esquecem… E rogam-vos consolo, paz, alegria e esperança, Pedindo-vos trazê-los na memória, Como quem atingindo os louros da vitória, Desejam ser lembrados como são: Espíritos valentes, Prosseguindo contentes No sublime ideal de elevação… Enxugai vosso pranto E, servindo, esperai O reencontro feliz nas moradas do Pai… Padecendo, chorando e amando sempre, Aguardai outros dias Em que renascereis de novas alegrias, Sem o gelo terrível da saudade De vossa longa espera E sim na 1nalterável Primavera Ante o amor sem adeus da Eternidade. Lembrar-vos-ei, porém, Aquela antiga história de Belém… (Lc Uma doce criança Nasceu entre cantigas de esperança, De uma frágil mulher quase menina… Uma estrela no Azul, em altos resplendores, Indicou-lhe a missão, fulgurante e divina. Anjos do Céu uniram se aos pastores E entoaram louvores Que em toda a Terra ainda não se ouvira… O menino cresceu, plantando amor, Amparava os humildes e os cansados, Levantava os doentes, Erguia corações desesperados E transformava os homens inclementes Em modelos de paz e de brandura, Era um jovem trazendo a grandeza da Altura, Referindo-se a Deus por Pai de Infinita Bondade, Que nunca abandonou a Humanidade… Pois, simplesmente porque amasse a todos, Foi perseguido, preso, injuriado, Depois levado à cruz Em que morreu crucificado Perante a multidão… Foi assim que Jesus, Sem amigos, na dor do último dia, Teve somente o amparo de Maria, A mãe humilde que o seguiu de perto… Heroína de amor e aceitação, Não censurou ninguém. De alma cansada e coração deserto, Ela apenas chorou na bênção da oração, Entregando-se a Deus O Eterno Sol do Bem. Embora a imensa dor, sempre ungida de fé, A pobre mãe de Nazaré, Esperou silenciando a alma ferida Até que o filho amado, Em retornando à vida, Fez-se o ressuscitado, E novamente erguendo corações, Converteu-se no Guia das Nações. Mães, que hoje sofreis, lembrai-vos dela, Maria ser-vos-á consolação; Entregai-lhe a amargura ao coração E entendereis que os vossos filhos, Joias de vossa luz, Agora sob a névoa da saudade, Ante o Anjo de Amor da Humanidade, São irmãos de Jesus. |