Arar, moldando a gleba empedrada e agressiva, Erguer se, sol a sol, na tarefa cativa, Servindo por amor, ignorando a quem… Doar tempo, esperança, força e vida, Embora suportando a alma ferida Na lavoura do bem. Impedir que o serviço retrograde Ouvir de longe o vento e a tempestade De ciclones irados a cair… E proteger as sementeiras novas Contra o furor de semelhantes provas A fim de que produzam no porvir… Sofrer insônia e anseio, de alma em chaga, Ante os calhaus da senda em que a ideia se esmaga Na defesa da frágil plantação; Ouvir e desculpar, sofreando-se a custo, O sarcasmo cruel do menosprezo injusto De quem não crê na própria elevação… No entanto, semeador, prossegue enquanto é dia, Entoa no trabalho as canções da alegria Ao ritmo da fé que te apoia e conduz; E, após o anoitecer, nas orações que levas, Contemplarás, Além, abrindo-se nas trevas O sereno esplendor da Seara de Luz. |