Se te dizes tão pobre, alma querida, Que nada tens a dar Para contribuir na construção do Amor, Oferece no prato da humildade A tua dor Nos tropeços da vida, Em favor dos irmãos de nossa própria estrada, Recordando esta mesa, Terna e sacrificada, Que foi árvore em flor, brilho da natureza, E se deixou serrar para servir De apoio às nossas preces, Sofrendo humilhações que desconheces, Nobre e formoso lenho, Cuja bondade não mereço, De maneira a expressar te o meu apreço, Nas palavras humílimas que tenho… Se te dizes com tanta imperfeição Que não consegues trabalhar Em nossa própria redenção, Olvidando o teu dom de agir No socorro a quem chora, Fita uma das lâmpadas, à frente, Fabricada sem pompa e sem grandeza, Que, aceitando viver em disciplina, Vive ligada à usina, Faz-se flâmula acesa, Estrela maternal, Que nos serve e ilumina, A fim de que vejamos Toda e qualquer lição que nos eleva, Procurando mais luz que nos livre da treva. Se te dizes no tempo, em tamanho cansaço Que não podes ser útil a ninguém, Contempla o chão que nos mantém E se deixou cercar Para que a nossa ideia tenha um lar. Chão que é faixa de terra em estreito pedaço, Que suportou enxadas e tratores, Lamentando perder o seus lauréis de flores E a música dos ninhos Que lhe vinha da voz dos passarinhos, Em troca de verdura e acolhimento, Chão que prossegue sempre esquecido e pisado, Prestimoso e calado, Qual benfeitor sem voz, Que nunca reclamou salário junto a nós. Nunca digas “não posso”, “eu não tenho”, “é impossível”. Seja qual for o nível Que a existência te dá, Alma querida, vem!… Vem estender conosco a Seara do Bem, Deus te utilizará. |