Caridade - o Alimento do Corpo e da Alma

Capítulo VIII

Em viagem



A existência terrestre é uma viagem educativa.

Começa na meninice, avança pelos caminhos claros da plenitude física e altera-se na noite da enfermidade ou da velhice, para renovar-se, além da morte.

Repara, pois, como segues.


Não te agarres aos bens materiais, senão no estritamente necessário para que te faças valioso irmão no concurso aos companheiros de jornada e útil a ti mesmo.

Há muitos viajores que sucumbem na caminhada sob pesados madeiros de ouro a que se jungem, desorientados.


Não reclames devotamento do próximo, e, sim, ama e auxilia a todos os que se aproximem de ti, para que o teu amor não desça do Alto aos tenebrosos despenhadeiros do exclusivismo.

Muitos peregrinos enlouquecem o coração no mel envenenado das afeições doentias e demoram-se longos séculos na corrente viscosa do charco.


Não prossigas viagem guardando ressentimento, para que não aconteça te prendas impensadamente aos labirintos do ódio.

Muitos viajantes, a pretexto de fazerem justiça, tombam, insensatos, em escuras armadilhas da crueldade e da intriga, com incalculáveis prejuízos no tempo.


Recorda que iniciaste a excursão terrestre sem qualquer patrimônio e encontraste carinhosos braços de mãe que te embalaram, amparando-te, em nome do Eterno.

Lembra-te de que nada possuis, à frente do Pai Celestial, senão tua própria alma e, por isso mesmo, só em tua alma amealharás o tesouro que a ferrugem não consome e que as traças não roem. (Mt 6:20)


Prazer e dor, simplicidade e complexidade, escassez e abastança, beleza da forma ou tortura do corpo físico, são simplesmente lições.

O caminho do mundo que atravessas cada dia, é apenas escola.


Teus afetos mais doces são companheiros com tarefas diferentes das tuas.

Segue sem imposição, sem preguiça, sem queixa e sem exigência.


O corpo é o teu veículo santo.

Não lhe conspurques a harmonia.


A experiência é tua instrutora.

Não lhe menosprezes o ensinamento.


O próximo de qualquer procedência é teu irmão.

Não o abandones.


O tempo é o empréstimo divino que recebeste do Céu, para a edificante peregrinação.

Valoriza-o com o teu aprimoramento no amor e na sabedoria.


E aceitando Jesus por mestre, em teus passos de cada hora, guarda a certeza de que, em breve, atingirás a alegria do sublime retorno ao Divino Lar.