Cartas do Alto

Capítulo X

Mensagem fraterna



Irmãos,
O mundo reclama doadores de espiritualidade santificante, a fim de alcançar a sublimação a que se destina.

E há quase dois mil anos o divino Construtor planificou o reino de Deus na Terra, indicando os recursos imprescindíveis à vitória do amor no coração humano.

Do berço humilde à cruz afrontosa, Jesus traçou, com o exemplo e com o verbo, o roteiro luminoso do aprimoramento espiritual.

Em plena infância, glorifica o trabalho em Nazaré, confiando-se aos serrotes da carpintaria obscura.

No Templo, exalta a obra da inteligência, palestrando com os doutores acerca dos fundamentos divinos que regem a vida.

Em Caná, consagra o júbilo familiar, colaborando nas alegrias de uma festa de casamento.

Em Cafarnaum, eleva a simplicidade, elegendo a paisagem singela para iniciar a pregação do Evangelho que felicitaria o mundo.

No Tiberíades, valoriza o sentimento, convidando homens de coração amigo para encetarem, com ele, a Era da Luz.

Junto de Madalena, destaca a excelsitude da transformação íntima, em favor da perfeição individual.

Com Zaqueu, louva a fortuna bem conduzida.

Por onde passa, exerce a solidariedade, curando e ensinando, libertando e reerguendo almas enfermas e aflitas, abatidas e desesperadas.

Em Jerusalém, consagra o respeito às leis humanas, acatando, em silêncio, a imposição de um tribunal que se deixa absorver pela turba inconsciente.

No Gólgota, revela a grandeza do sacrifício por norma de engrandecimento da vida eterna.

Serviço. Cultura. União. Pureza. Boa vontade. Socorro fraterno. Renovação. Bem-estar comum. Ordem. Renúncia pessoal.

Eis, em síntese, o projeto do Cristo para o estabelecimento do reinado do amor. Aceitando-o, nos arraiais do Espiritismo evangélico, lembremo-nos de que a nossa consoladora Doutrina, em toda parte, é Jesus no comando da vida, aguardando de nós todos o testemunho pessoal de entendimento e de ação.




Reformador — Novembro de 1953.


Segundo consta do original, a mensagem foi recebida na noite de 22/08/1950, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e dirigida aos confrades de Vila Mariana. São Paulo. Não há referência de local.