A ofensa, pelas perturbações que provoca, merece estudo raciocinado de nossa parte, a fim de que lhe oponhamos um dique necessário à ação devastadora. Quase sempre ela resulta de um ato de violência, de um apontamento calunioso ou de um gesto infeliz, significando assalto moral à dignidade da pessoa ou do grupo.
Convém ponderar, no entanto, que o ofensor é, invariavelmente, alguém que já ultrapassou os limites do respeito que nos devemos uns aos outros e, por isso, precisa ser tratado por enfermo de Espírito, que não recuperaremos se nos fizermos tão doentes quanto ele.
Diante da ofensa, recordemos que inexperiência, insanidade, obsessão ou moléstia podem estar em qualquer parte, concitando-nos a tarefas de auxílio.
Serenidade, bom senso, saúde, entendimento e madureza não são artigos de mercado. Não se encomenda compreensão ao lojista, como se compra roupa sob medida em mãos do alfaiate. E toda vez que falhamos ao próprio equilíbrio é possível nos convertamos igualmente em ofensores do próximo, ferindo até mesmo sem perceber.
Depois de semelhantes reflexões, examinemos a nossa conduta anterior à ofensa de que nos sintamos alvejados, e observemo-nos, sem qualquer piedade para nós mesmos, verificando se não teremos motivado no espírito de quem nos golpeia a atitude que lamentamos. Se a consciência nos acusa, procuremos ouvi-la com humildade e retifiquemos os erros que arrojamos de nós, empregando serviço e tempo, a fim de que os nossos propósitos de auto melhoria se façam visíveis, reconquistando a simpatia e a confiança daqueles a quem desajustamos com a nossa leviandade.
Fora disso, se a ofensa nos alcança o caminho, façamos silêncio e oremos, como nos ensina Jesus, por todos aqueles que nos perseguem e caluniam, (Mt
Reformador — Dezembro de 1965.
Segundo consta do original, a página foi recebida em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 03/05/1965, em Uberaba, Minas Gerais.