Cartas do Alto

Capítulo XLVI

Luz eterna



“Vós sois a luz do mundo.” — JESUS (Mt 5:14)


Toda criatura traz consigo a riqueza do amor por luz eterna — divina herança do Criador — e quanto mais se aperfeiçoa tanto mais a irradia.

Se não podes ser um luzeiro para milhões de pessoas, guiando-lhes o rumo à maneira de sol brilhando sobre a montanha para clarear a extensão do vale, sê o farol que, embora, muitas vezes, em plena solidão, é capaz de descortinar a estrada certa a milhares de viajores, que talvez arrostassem deploráveis calamidades sem ele.

No entanto, se não consegues ser o farol que varre a sombra dos caminhos, sê o foco que abrilhanta a praça pública, orientando o passo daqueles que transitam em tuas áreas de ação, de modo a que não se perturbem ante a névoa noturna.

Mas se não dispões de meios para ser uma luz qual essa, imita a lâmpada acesa em casa, iluminando e aquecendo em silêncio quantos te compartilham a existência e a moradia.

Entretanto, se não puderes ser isso, desempenha a função da candeia singela que sustenta a chama de emergência, favorecendo, à noite, o trabalho ou o estudo para determinados agrupamentos de criaturas.

Ainda assim, se não consegues ser a candeia, sê a vela humilde, iluminando unicamente uma pessoa, a sós, no lar ou na estrada, seja numa viagem de poucos passos ou numa simples meditação, porquanto esse alguém a quem hoje prestes serviço será, talvez, amanhã a pessoa que se fará sol para muita gente.




Reformador — Abril de 1972.