Cartas do Alto

Capítulo XLVII

Fim do século



Século XX… A Terra é nau sob tormenta.
Toda a estrutura estala ao mar que se encapela.
A sombra espessa agrava o rigor da procela,
Salta o vento a rugir na fúria que o sustenta.

Templos, legendas, leis da equipagem atenta
Tremem, conquanto à luz de lâmpada singela
O equilíbrio persiste, apoio e sentinela,
Contra o caos que domina em cólera violenta.


Gritos, altercações, sofrimento, cansaço,
Relâmpagos varando a imensidão do espaço
São súplicas da fé na voragem sombria.


Mas no bojo do abismo um clarão resplendora,
Destacam-se, da noite, os acenos da aurora:
É o Cristo, em sol de amor que acende o novo dia!




Reformador — Outubro de 1972.