Cartas do Alto

Capítulo LII

Mediunidade e serviço



Evidentemente, é justo aguardar no grande futuro, que a ciência humana consiga estabelecer as relações entre os Espíritos encarnados e desencarnados através de observações matemáticas, qual ocorre na atualidade do planeta nas comunicações de continente a continente, com bases na eletrônica. Progridamos moralmente, nos dois lados da vida, a fim de obtermos semelhante concessão, e a conquista a que nos reportamos não se fará esperar.

Entretanto, até que venhamos a atingir essa realização, mediunidade e médiuns são e serão os agentes de contato entre o Plano físico e o Plano extrafísico, não obstante as deficiências que possam apresentar.

À face disso, quantos se disponham à tarefa de medianeiros no intercâmbio dos vivos da Terra com os vivos do Mais Além, são naturalmente induzidos ao dever e ao prazer de servir que se lhes erigem na experiência comum à maneira de imperativos fundamentais para o êxito nos deveres que abraçam.

Para entendermos isso claramente, bastará recorrermos a imagens simples do mundo.

Um automóvel será um primor da engrenagem e técnica, patenteando segurança e proteção no conjunto, mas se não pode sair da garagem para o desconforto da estrada será mecanicamente substituído por um veículo qualquer, de constituição inferior, pelos que necessitem de condução.

Uma caneta surgirá estruturada em ouro e brilhantes, valendo milhões, no entanto, se não traz consigo o singelo ingrediente da tinta pronta a gravar os pensamentos de quem lhe recorre aos préstimos, será trocada instintivamente por um lápis de qualquer tipo, capaz de atender aos que precisem de comunicação em regime de urgência, com apoio na escrita.

Bons médiuns temo-los muitos, do Plano terrestre para o Plano espiritual e vice-versa: cultos e menos cultos, experientes e inexperientes, veteranos e novos, conscientes da imortalidade da alma ou ainda ignorantes dos seus próprios destinos — todos eles respeitáveis pelas esperanças e possibilidades que encerram.

No entanto, médiuns bons, ou melhor, medianeiros em ação, aptos a colaborarem com os obreiros do bem na seara do Bem Eterno, são sempre aqueles que procuram o olvido de si próprios, no melhoramento gradativo de si mesmos, e que, acima de tudo, se empenham a aprender e suportar, trabalhar e servir.




Reformador — Abril de 1974.


Segundo consta do original, a página foi recebida em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 18/06/1971, em Uberaba, Minas Gerais.