Fim do milênio. Anoitece. No fulvo céu do Oriente, A sombra avança envolvente, Surgem sinistros bulcões; No alto, lampejam raios, O ódio se descortina, Lembrando cinza e ruína, Tumultos… Gritos… Canhões… Permanece o grande embate: O direito e a força bruta. É Sócrates e a cicuta, Jesus ante Barrabás… Desde a Suméria distante, De Ur ao fulgor do Egito, O mundo rola em conflito, Ganha a guerra e perde a paz.
Agora, porém, na Terra Sem a fé age a Ciência Nas grimpas da inteligência E apoia o estranho festim; O cérebro — águia cativa, Obedecendo ao mais forte Exalta o poder da morte E aperfeiçoa Caim.
No parque dos armamentos, Bombas de vários matizes Querem lauréis infelizes Em máquinas de terror; Rente ao fogo que dormita, Escuta-se, a cada hora, A humanidade que chora Perante o abismo a transpor. Por isso, Brasil, enquanto Nas urzes do sofrimento Sopra o ciclone violento, Temor e desolação Levanta o próprio futuro No trio que te ilumina: Justiça, escola e oficina Burilando o coração. Falando aos nossos amigos, Ante a grandeza que estampas, Vozes suplicam das campas Na bênção do eterno Pai: — Bravos filhos do Cruzeiro, O tempo não nos espera. Ante o sol da Nova Era, Uni-vos e trabalhai!
Recordemos a epopeia Dos antigos bandeirantes, Conquistadores gigantes, Plantando o país no chão, E os nobres inconfidentes Atormentados, em bando, Mortos-vivos, mas buscando A paz da libertação.
Ide e criai vida nova Onde o atrito sobrenade, Mantendo a fraternidade Que o vosso gênio produz, Dizendo a todos os povos, Na luz que se vos descerra, Que, em qualquer luta, na Terra O vencedor é Jesus. |