Cartas do Alto

Capítulo XVI

Discernimento



“Amados, não creiais a todo Espírito, mas provai se os Espíritos são de Deus.” — João (1Jo 4:1)


Busquemos discernir a luz para que a treva não nos engane.

No âmbito de nossos postulados, é indispensável estejamos alerta na execução dos deveres que o Senhor nos confia, aprendendo e servindo ao sol do bem, infatigavelmente, a fim de que as sombras da idolatria e da leviandade não nos tomem o coração.

Abraçando na Doutrina Espírita o Evangelho restaurado, é imperioso sejamos intérpretes de sua grandeza em pensamento, palavra e ação, sem quaisquer particularismos de ordem pessoal.

Nossa Doutrina redentora pode ser assim considerada à feição do celeiro de valores espirituais de que se aproveitam os trabalhadores da Boa Nova para estenderem o consolo e a instrução, o socorro e a bênção.

Esses valores, funcionando como sementes de renovação e progresso, podem e devem ser usados por amigos da Espiritualidade e por batalhadores do campo humano nos mais diversos lances da experiência.

Comunicar-se-á, desse modo, o tarefeiro desencarnado com qualquer companheiro da Terra, qual o lavrador que, decerto, muitas vezes despenderá mais atenção para com o pântano ou para com a gleba insultada de espinhos, na extensão da cultura que lhe compete realizar, à maneira do próprio Cristo que afirmou não ter vindo ao caminho da humanidade para curar os sãos.

Assim é que mensagens do Além ou pregações do mundo, quando incompreendidas ou espoliadas em sua significação natural e justa, não atingem o corpo de princípios doutrinários que representam a fonte de nossa regeneração e acrisolamento para a Vida Superior.

Todos nós, nas esferas de luta em que nos entrosamos, somos criaturas necessitadas de aprimoramento e resgate, laborando sob os impositivos da própria sublimação diante da Lei.

Eis por que a nós todos é imprescindível o estudo meditado e a prática sincera da Doutrina que esposamos sob a égide do Mestre divino, cabendo-nos a obrigação de escutar, com o necessário discernimento, a palavra dos que falam em nome do Evangelho, provando no íntimo de nós mesmos se procedem da inspiração do Senhor, porquanto os Espíritos a que se refere o apontamento apostólico tanto podem ser desencarnados quanto encarnados, com residência temporária no Plano físico ou no Espaço, na Terra ou no Céu.




Reformador, fevereiro 1957, p. 35.