Cartas do Alto

Capítulo LXIV

No prumo da verdade



Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em quase um século de codificação kardequiana, vimos as mais variadas experiências no campo da Doutrina Espírita, surgindo e desaparecendo à maneira de cintilações no firmamento das esperanças humanas, cedo absorvidas pelas sombras milenárias que senhoreiam o pensamento terrestre.

Anotamos arrojados espetáculos científicos, em que, atendendo às requisições de sábios honestos, elevados mensageiros prestaram as mais eloquentes demonstrações da sobrevivência individual, depois da morte, e identificamos o levantamento de preciosas tribunas para discussões filosóficas, por intermédio das quais abnegados instrutores da palavra trouxeram à inteligência os mais altos testemunhos da verdade pura.

Entretanto quase todas as empresas da Ciência e quase todos os cometimentos da Filosofia imobilizaram-se, à distância do progresso, confundindo-se, muitas vezes, com a negação sistemática por exigirem a interminável recapitulação de estudos e pesquisas, com grave perda de tempo para os quadros evolutivos da humanidade. E que, em maioria, os investigadores das realidades eternas, de todos os tempos, pretenderam, debalde, ajeitá-las a transitórias conveniências do mundo como se lhes fosse possível desviar o prumo da verdade. Outros perseguiram, simultaneamente, a revelação do Céu e o domínio da Terra, proclamando a fraternidade e cultivando o ódio de raça, destacando as excelências do amor e desvairando-se nas paixões desregradas ou, ainda, exalçando a incorruptibilidade dos bens celestes e algemando-se, eles mesmos, à cobiça vulgar.

Enquanto isso, e enquanto respeitáveis experimentações de nossa fé acenam e passam nos cenários do mundo, a obra de Ismael prossegue firme. Situada no Brasil para efetuar a revivescência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus, assentada no Espiritismo, que constitui o glorioso Paracleto, a tarefa sublime do excelso Emissário, sediada na Federação Espírita Brasileira, continua usando as chaves da Codificação de Allan Kardec para descerrar aos tempos novos a claridade imperecível das lições do Senhor. É por isso que ela representa, em todos os recantos do “Grande Lar Brasílio”, não somente o pão dos famintos e o agasalho para os nus, o socorro aos doentes e o amparo às criancinhas necessitadas, o asilo dos velhos relegados ao abandono e o refúgio dos sofredores, mas também a fonte de luz para a formação do verdadeiro entendimento evangélico, pelo qual a fraternidade legítima e o serviço ao próximo consigam substancializar a justa renovação espiritual da Terra inteira.

Reunidos, pois, convosco, em nome da Causa de Ismael, reafirmamos as responsabilidades de nosso mandato como servidores humildes do excelso Mensageiro.

A iluminação dos corações e das consciências sob a égide da Boa Nova, na esfera do Espiritismo, é, indiscutivelmente, o florão de nossas mais elevadas promessas.

Conduzamos, assim, o Evangelho a todas as criaturas no trabalho da educação redentora, com Jesus, por Jesus e seguindo para Jesus, hoje e sempre, porque nas pompas cerebrais da civilização do Ocidente o Espiritismo sem o Cristo seria apenas mais uma aventura da experimentação e do raciocínio a caminho do caos.




Reformador — Janeiro de 1977.


Consta do original que a mensagem foi ditada na presença de Antônio Wantuil de Freitas, então presidente da FEB, em 15/04/1956, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, por ocasião de visita feita ao médium Francisco Cândido Xavier. Não há referência de local.