Cartas do Coração

Capítulo VIII

Desengano



Disse-me o Orgulho torvo, certo dia: —

— “Além da morte, tudo é sombra e nada…”

E a Ciência ajuntou, desalentada:

— “A sepultura é cinza espessa e fria”.


E eu, cansado romeiro da agonia,

Busquei o pouso da Divina Fada,

Sonhando, em pranto, a paz inalterada

Para o inferno de angústia que eu trazia.


Mas, ante as portas do seu templo escuro,

Quando bradei: — “Ó Morte que eu procuro,

Dá-me o olvido em teus braços maternais!…”


Escancarou-se o abismo miserando

E encontrei, desditoso, soluçando,

Escuridão, remorso e nada mais.