Cartas do Coração

Capítulo VII

Vaidade



Quando cheguei, sem luz, ao fim do dia

E penetrei, gemendo, a noite escura,

Encontrei, quase ao pé da sepultura,

Triste bruxa de máscara sombria.


— “Que fazes, desditosa e negra harpia?”

Indaguei a tremer, de alma insegura.

E respondeu a estranha criatura:

— “Teço angústia e pavor na cova fria…”


— “E quem és?” — insisti. Mas, nesse instante,

A megera agarrou-me, cambaleante,

E bradou: — “Ai dos míseros que venço!


Sou a vaidade humana desvairada…

E, desferindo horrenda gargalhada,

Rolou comigo ao precipício imenso.