Cartas do Coração

Capítulo XXXII

Agradecendo



Muitas vezes, Senhor, brandindo a espada,

Junquei o campo de amargosas dores,

Estendendo medalhas e favores

Sobre o sangue da presa abandonada.


A golpes vis, assinalei a estrada

Do meu carro de falsos resplendores

E, buscando lauréis enganadores,

Desci, gemendo, à sombra ilimitada…


Mas, por lavar-me as trevas de outras vidas,

Deste-me a cruz de pranto e de feridas

No desprezado monte da aflição;


E, hoje, na doce luz com que me afagas,

Agradeço a lição de angústia e chagas

Com que me deste a paz da redenção.